REPORTAGEM - Bolsonaro alega que querem facilitar sua execução

26/07/2024

No encontro em Farroupilha após o prefeito da cidade ameaçar levar o mistro do STF (Supremo Tribunal Federal) a guilhotina, o presidente adotou um tom mais ameno no resto da agenda no RS. Por telefone al jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, ele negou ter mencionado o STF em seus discursos, afirmando que suas críticas se concentram apenas no presidente Lula (PT). No entanto, está registrado que ele acusou o STF e o governo federal de tramarem sua morte. "Eles não querem mais me prender. Eles querem que eu seja executado. Não posso pensar em outra coisa" [Nosso PORTAL pode, pode pensar em um apito de cachorro chamando para mais uma tentativa, no modelo de 7 de setembro 2018, para culpar o governo]. Para sustentar sua alegação, Bolsonaro diz. " Eu tenho direito a oito funcionários. Os quatro que trabalhavam na minha segurança, por medidas cautelares, me tiraram. Além de afirmar que Lula "pessoalmente" retirou seus dois carros blindados". Pasmem, Bolsonaro não mentiu, no entanto, omitiu toda a verdade. Embora seja uma vergonha nacional, todos os ex-presidentes têm direito a manter oito funcionários de sua confiança, que são pagos pela união e colocados à sua disposição. São quatro assessores e quatro seguranças. Os quatro seguranças escolhidos por Bolsonaro, estão envolvidos em investigações por crimes, que incluem a fraude do cartão de vacina e a possível apropriação indevida de presentes de luxo. Qualquer denúncia resultante desses inquéritos será analisada pelo STF. Por determinação da Justiça os envolvidos não podem se comunicar, e por essa razão os quatro seguranças estão afastados. Bolsonaro entretanto deve simplesmente apresentar outros quatro nomes (se já não o fez) para recompor seu quadro de segurança. É só isso, apresenta os nomes e a União vai pagar esses servidores para atende-lo. A vergonha não para por ai, o ex-presidente tem direito a dois carros de luxo para atender seu deslocamento. Entretanto não ha em nenhuma lei, ou decreto ou seja lá o que for, nenhuma determinação que os veiculos sejam blindados. Se considerado o ano todo de 2022, os ex-presidentes juntos custaram R$ 7,6 milhões aos cofres públicos. À noite, Bolsonaro esclareceu que, ao se referir a "eles", que supostamente querem executá-lo, falava do "sistema como um todo", e não especificamente de Lula ou do STF. "Eu estava me referindo ao sistema como um todo. O sistema é uma coisa mais ampla. Sou um cara que importuna o sistema, querendo ou não", afirmou. Questionado sobre as críticas de aliados ao ministro do STF Alexandre de Moraes, Bolsonaro disse que "não toca no assunto". "Não defendo prisão de Alexandre de Moraes. Nem toco no assunto. Você não vê a palavra 'Supremo' na minha boca em nenhuma dessas minhas andanças. Não bato em [Rodrigo] Pacheco, [Arthur] Lira, no STF. Só bato no Lula", declarou Bolsonaro. Sobre a citação "É só botar na guilhotina, ó. Aqui a homenagem para ele", ditas pelo prefeito de Farroupilha (RS), Fabiano Feltrin, Bolsonaro alegou que Feltrin não estava mostrando uma guilhotina. "Ele [Feltrin] usou um negócio para prender os caras, colocar os prisioneiros. Espero que não façam maldade com ele [Feltrin]", disse, referindo-se a uma possível investigação contra o prefeito por sua fala. O negocio seria uma berlinda, antigo instrumento usado para prender escravos pela cabeça e pescoço durante tortura. Que ao que parece nem Bolsonaro nem Feltrin conhecem (faltaram as aulas de historia), mas que no contexto pode tornar a fala ainda mais ameaçadora.