INTERNACIONAL - Governo brasileiro tenta solução pacífica para taxação americana mas não descarta retaliações com a abertura comercial para novos parceiros

27/03/2025

Documento apresentado pelo governo brasileiro ao Representante de Comércio dos Estados Unidos aponta que a tarifa sobre o aço aplicada pelo governo norte-americano viola regras legais da Organização Mundial do Comércio (OMC) e pode alimentar uma espiral negativa de medidas recíprocas com potencial de prejudicar severamente a relação entre os dois países (não que isso importe ao presidente Donald Trump) . O documento, que é público, foi apresentado em uma consulta aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) em fevereiro para que empresas, cidadãos e outros interessados nas questões tarifárias pudessem enviar suas questões. O documento brasileiro foi oficialmente apresentado pelo governo aos técnicos norte-americanos na primeira rodada de negociações dos dois países.

No texto, o Brasil reconhece os esforços do governo dos EUA em promover desenvolvimento industrial e a criação interna de empregos, mas salienta que essas medidas deveriam seguir os acordos atuais existentes entre os dois países e não serem unilaterais. "O Brasil urge que os Estados Unidos deem prioridade ao diálogo e cooperação em vez da imposição unilateral de restrições comerciais, que trazem o risco de alimentar uma espiral negativa que pode prejudicar severamente nossa relação comercial mutuamente benéfica", diz o texto. De acordo com o governo brasileiro todas as tarifas aplicadas na importação de produtos pelo Brasil seguem os parâmetros da OMC, inclusive a do etanol, citado nominalmente pelo governo dos EUA como uma tarifa alta 18%. No mesmo setor de açucar de cana e etanol, o governo note americano aplica uma tarifa de 80% de taxas, cotando o produto a US$340 por tonelada, o que penaliza as exportações brasileiras. O Brasil não aplica nenhuma tarifa de 80%", aponta o documento. O documento aponta que as tarifas aplicadas pelo país nas importações norte americanas é de 2,75%, e vários produtos tem taxa zero. Até o momento, o Brasil tenta negociar a imposição da taxa sobre o aço e o alumínio, que entrou em vigor em 12 de março. Mas, de acordo com uma fonte, há uma preocupação maior com o que o governo norte-americano deve anunciar na próxima semana. O Brasil foi citado como um dos países que aplicaria altas tarifas contra os EUA, especialmente em etanol e madeira, e pode ser penalizado agora mais uma vez. Há o temor que mais produtos entrem nessa lista, ou que todas as exportações brasileiras passem a ser taxadas, o que já foi aventado pela Casa Branca. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já afirmou que, se não houver outra maneira, o governo brasileiro deve retaliar os EUA. Mas a ordem, por enquanto, é tentar resolver a questão na mesa de negociações.

Da redação. Agência Reuters