ELE NÃO OUVE NINGUÉM - Bolsonaro ignora alertas e conselhos de seus aliados

27/03/2025

Ignorando alertas e conselhos de seus próprios aliados, o ex-presidente Jair Bolsonaro retomou os ataques ao sistema democrático e às urnas eletrônicas, mesmo após se tornar réu por tentativa de golpe de Estado. A informação foi confirmada por fontes próximas ao entorno político do ex-mandatário. Segundo relatos de interlocutores do ex-presidente, Bolsonaro foi orientado a manter discrição pública após o STF acolher a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa de envolvimento direto em uma tentativa de golpe de Estado. A estratégia recomendada envolvia defender sua inocência de maneira serena, evitando novas polêmicas, com falas que demonstrassem desapego ao cargo e compromisso com o país. Um dos trechos sugeridos a ele foi: "não tenho apego ao poder, e sim, apego ao país". No entanto, Bolsonaro ignorou completamente essa linha. Em declarações recentes, voltou a repetir alegações falsas sobre fraudes nas urnas eletrônicas já desmentidas por diversas instâncias oficiais e insistiu em narrativas que colocam em dúvida a legitimidade do processo eleitoral e das instituições democráticas brasileiras. Integrantes do Supremo ouvidos pela reportagem avaliam que, ao insistir no mesmo discurso que o colocou no centro das investigações, o ex-presidente renovou mentiras, desinformação e ataques infundados sobre as urnas. A postura foi interpretada como desafiadora, especialmente diante do peso do processo em que Bolsonaro se tornou réu por tentativa de subverter a ordem democrática no país. A denúncia da PGR, aceita por unanimidade pelos ministros da Corte, o acusa de liderar uma articulação que visava desacreditar as eleições de 2022 e promover um golpe de Estado caso o resultado não lhe fosse favorável. O processo pode resultar em condenação criminal e, eventualmente, em penas mais severas que a inelegibilidade já determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A insistência de Bolsonaro em manter o tom confrontador aumenta sua exposição jurídica e política. O cenário também preocupa parte de seus apoiadores, que veem risco crescente de isolamento político e de novas sanções judiciais. Ainda assim, o ex-presidente parece apostar em manter mobilizada sua base mais radicalizada, que continua a propagar teorias da conspiração e ataques ao sistema eleitoral.