CONSEQUENCIA - Com a iminência de um fracasso governo americano diz que negociações são a razão do recuo

Para tentar justificar o recuo na imposição global de tarifas comerciais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o motivo seria que seu governo estaria sendo procurado por diversas nações interessadas em evitar prejuízos econômicos. No entanto, tanto ele quanto o secretário de Comércio, Howard Lutnick, omitiram detalhes sobre quem seriam esses interlocutores ou quais os termos das supostas propostas, relata o The New York Times em matéria repercutida pelo nosso Portal. Durante uma reunião de gabinete, Trump declarou: "todo mundo quer vir e fazer um acordo, e estamos trabalhando com muitos países diferentes, e tudo vai dar muito certo". Segundo ele, sua administração estaria em "boa situação" e os entendimentos "vão funcionar muito, muito bem". Lutnick reforçou a versão do presidente, destacando que "temos tantos países para conversar". Segundo o secretário, "eles vieram com propostas que jamais, jamais, jamais teriam feito se não fossem as medidas que o presidente tomou exigindo que tratassem os Estados Unidos com respeito". Apesar dessas declarações, ninguém sabe quem seriam as autoridades que procuraram o governo americano. Um completo apagão de detalhes, Trump e seus auxiliares continuam evitando citar quais líderes estrangeiros buscaram negociar e que tipo de concessões estão em jogo. A abordagem genérica e a ausência de metas claras têm gerado desconfiança entre analistas e investidores. Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, chegou a dizer que havia falado com o presidente da Suíça sobre um possível acordo. Já o secretário do Tesouro, Scott Bessent, mencionou conversas com representantes do Vietnã e um "bom papo" com o embaixador japonês durante uma recepção social. Segundo Bessent, Japão, Coreia do Sul e Índia estariam entre os países prioritários para a celebração de novos entendimentos comerciais. Enquanto isso, os mercados seguem voláteis. O índice S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas de capital aberto dos EUA, caiu 3,5% na quinta-feira, refletindo a apreensão com os rumos da política comercial da Casa Branca. Mesmo com a trégua de 90 dias anunciada por Trump, tarifas elevadas continuam em vigor, especialmente contra a China. Importações do país asiático agora enfrentam alíquotas mínimas de 145%, o que afeta diretamente produtos consumidos pela população norte-americana. As dúvidas só aumentam, a realidade dos tramites legais para tratados comerciais desse porte, demandam anos de e negociação e aprovação do Congresso, o que coloca a promessa de acordos rápidos sob suspeitas. Segundo associações empresariais de Washington, não há indícios de que qualquer acordo esteja perto de ser formalizado. Ao que parece, o governo norte-americano aposta em acordos bilaterais e setoriais, que podem ser fechados com mais agilidade, entretanto, têm impacto limitado sobre o déficit comercial, alvo constante das críticas de Trump. As informações permanecem fragmentadas e imprecisas. O histórico do presidente norte-americano com acordos limitados como o "miniacordo" firmado com o Japão em seu primeiro mandato indica que a estratégia pode se repetir.