"Timing errado"
Embora dados divulgados pelo governo, apontem para uma queda do desemprego em todo o país, um número recorde na informalidade no mercado de trabalho mostra exatamente o contrário e está derrubando a produtividade da economia brasileira. Em uma situação normal, apesar de toda a crise, estaríamos vendo mais investimento em inovação, equipamentos e capacitação e isso como consequência traria maior capacidade produtiva, mas o que vem ocorrendo é exatamente o contrário. O país tem hoje 38,8 milhões de trabalhadores na informalidade, um número recorde, equivalente a 41,4% da força de trabalho. As vagas geradas entre 2018 e 2019, quase todas informais, pagam menos e são menos produtivas, com características de "bicos temporários", como empregadas domésticas, vendedores a domicílio, entregadores de aplicativos e vendedores ambulantes, segundo mostra um estudo inédito do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para o economista Gabriel Ulyssea, especialista em mercado de trabalho e professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra, o fato de o trabalho tido como informal estar puxando a geração de vagas de trabalho sinaliza um movimento na direção de uma parte da economia que já é menos produtiva. O professor vê no sistema tributário o grande problema da produtividade no Brasil. "A informalidade permite que várias empresas de baixa produtividade se mantenham ativas, porque não pagam impostos, contratam sem carteira, burlam uma série de coisas e isso permite que tenham um custo de operação mais baixo", afirmou Ulyssea. Agora sobre o nome de desburocratização o setor econômico do governo, quer oficializar essa situação. O mercado de trabalho até esta se recuperando, entre o terceiro trimestre de 2018 e igual período deste ano, foram criadas 1,468 milhão de vagas de acordo com Fernando Veloso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O problema é que "essas vagas estão indo para atividades aparentemente pouco produtivas, contribuindo para o baixo crescimento. "As horas trabalhadas aumentam, mas o valor adicionado, não. Por isso, a produtividade cai. Temos mais gente, mais horas (trabalhadas) e a produção não aumenta", afirma. "Timing errado"