A MELHOR DEFESA É O ATAQUE - Essa é a principal estratégia de Bolsonaro

26/03/2025

Momentos depois de ser considerado réu, pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), que acatou, por unanimidade, a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), que o acusa de integrar o núcleo central da tentativa de golpe de Estado articulada após as eleições de 2022. Jair Bolsonaro reagiu com ataques. Durante pronunciamento de pouco menos de uma hora, feito em frente ao Senado Federal, Bolsonaro voltou a lançar dúvidas sobre a integridade das urnas eletrônicas, contrariando seu ídolo Donald Trump, que claramente elogiou nosso sistema eleitoral. O ex-presidente, defende o voto impresso e criticou a sua inelegibilidade, válida até 2030. "O voto impresso é um direito. Uma contagem pública de votos tem de ser aceita. A Alemanha não aceitou um sistema como o nosso", disparou "Na Venezuela só foi possível detectar fraude por causa do voto impresso. Foi a primeira vez que a Venezuela adotou o voto impresso. Por que a Venezuela fez isso? Já que o sistema eleitoral dele era exatamente igual ao nosso", disse em outro momento mais à frente. "As eleições na Venezuela usaram no ano passado a emissão de um recibo após cada votação, depositado em uma segunda urna para conferência posterior. A oposição, no entanto, usou os boletins de urna, que existem no Brasil, para contestar o resultado favorável ao ditador Nicolás Maduro", completou. Ao criticar o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do caso na Corte, Bolsonaro disse que o magistrado "quer botar 30 [anos de cadeia] em mim. Se eu tivesse devendo qualquer coisa, eu não estaria aqui. Fui para os Estados Unidos graças a Deus porque, se tivesse aqui em 8 de janeiro, estaria preso ou morto, que é o sonho de alguns, porque preso eu vou dar trabalho", declarou o ex-mandatário. Em outro momento, questionou: "Eu sou golpista? [Em] 8 de janeiro estava nos Estados Unidos. Uma das cinco acusações é destruição de patrimônio. Só se for por telepatia". A denúncia acolhida pelo STF também abrange outros sete aliados de Bolsonaro e representa um passo decisivo rumo ao julgamento de mérito, que a Corte pretende realizar ainda em 2025. O objetivo é impedir que o caso seja explorado politicamente nas eleições presidenciais de 2026, quando Bolsonaro estará legalmente impedido de concorrer, mas poderá influenciar a escolha do candidato da direita. A abertura do processo tem causado fissuras no núcleo político bolsonarista. Enquanto parte dos aliados aposta na manutenção da narrativa de perseguição para manter a base mobilizada, outros já articulam a antecipação da escolha de um novo nome para liderar a chapa do PL nas eleições municipais de 2024 e, possivelmente, para a disputa presidencial. No entanto, o mito já afirmou claramente, dirigindo-se ao governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, que não vai passar o bastão para ninguém. O STF deve agora definir o calendário da instrução processual, colhendo depoimentos e provas para embasar o julgamento final.